Entrevista: Ben Crum
Postado por Mundo Korfebol às 09:00
O Mundo Korfebol estreia sua seção de entrevistas em grande estilo. O entrevistado nada mais é do que uma lenda no Korfebol, técnico holandês Ben Crum. Seu currículo é vasto, foi técnico da seleção holandesa de Korfebol entre 1978 e 1993, tricampeão mundial de Korfebol e tri do jogos mundiais, dez vezes campeão europeu, Técnico e campeão por equipes de Korfebol como PKC, Deetos e DKOD, Além de ser introdutor de alguns dos esquemas táticos mais conhecidos no korfebol, um dos desenvolvedores das cestas de plástico, introdutor do limite de tempo(shotclock) no Korfebol e entre mais uma infinidade de outras coisas, que fazem de Ben Crum uma lenda viva do Korfebol mundial. E ele nos concedeu uma entrevista por email. Vamos a ela:
Mundo Korfebol: Como foi seu primeiro contato com o Korfebol ?
Ben Crum: Eu nasci em 1941 em uma pequena vila no bairro de Arnhem .. Após a escola primária, havia para meninos e meninas duas possibilidades: ou a música ou Korfebol. E Nesse tempo, particar esportes para os jovens era muito especial. Gostava de brincar ao ar livre e eu principalmente amava esportes com bola. Como não tive oportunidades para o futebol ou outros esportes com bola durante a minha infância na minha aldeia, eu fiz a minha escolha para korfebol. Apenas o korfebol dava nesse tempo uma oportunidade para os jovens a se tornarem um membro de um esporte com a idade de 8 anos. Então em 1949 eu me tornei um membro do Clube de Corfebol DKOD. O DKOD é uma sigla de uma frase em holandês que significa 'A cesta é o nosso objetivo'.
MK: E como você seguiu sua carreira até se tornar técnico da seleção holandesa?
BC: Desde aquela época eu jogava em torno de uma cesta, todos os dias. Quando eu cresci eu me tornei um jogador importante da equipe principal do DKOD. No período entre 1953 e 1956 não tinha um treinamento organizado. O treinamento consistia em pequenas partidas contra seus companheiros de equipe. Eu gostava desses jogos e vencer era especialmente importante para mim. E o desejo de vencer levou a pensar sobre as maneiras de jogar. Eu queria jogar de maneira mais inteligente e eu queria ser mais hábil com a bola. Meus companheiros reconheceram meu talento e assim me tornei o treinador do próprio clube. Enquanto isso, o clube também foi conhecido nacionalmente e elogiaram a minha visão e habilidade. Fui convidado para aulas de demonstração em 1972 para os treinadores de nosso país. Quando o famoso treinador 'Swan' (Nota: Adri Zwaanswijk,o Swan, lendário técnico holandês) saiu em 1978, eu tive a chance de sucedê-lo. Eu fui o seleccionador nacional de 1978-1993. Após esse tempo eu trabalhei para o KNKV (Associação holandesa de Korfebol) como diretor técnico. Deixei a KNKV em 2009 e agora eu ainda estou trabalhando como treinador do clube PKC e para IKF. Eu estou escrevendo um livro: "O Guia IKF para técnicos de Corfebol ". Este livro vai estar no mercado holandês por volta de outubro .
MK: Qual o 'segredo' da Seleção Holandesa ser praticamente imbatível?
BC: Korfebol é jogado na Holanda desde 1903. Temos uma longa tradição. Nossos clubes estão organizados em torno de campo ao ar livre, uma sede própria do clube e às vezes seu próprio ginásio esportivo. Há 540 clubes na Holanda. Temos cerca de 100.000 participantes (o Korefbol tem o número de partcipantes maior do que handebol e basquete na Holanda). A Holanda é um país pequeno. Assim, cada clube pode fazer jogos com suas equipes em todo o país. As pessoas podem dirigir de norte a sul e de leste a oeste, em poucas horas. Então, a idéia básica da nossa associação é organizar jogos de competição cada fim de semana para todos os participantes. Isso faz com que cada organismo aprenda a desenvolver o nível de competição necessário nos jogos. A sede do clube é o centro: os participantes e familiares atendem cada chamado naquele lugar todas as noites de treino (3 vezes por semana) e durante os fins de semana. Então, nós jogamos korfebol muito intensamente. Os melhores jogadores treinam e jogam em uma semana cerca de 20 horas. Na Holanda temos o melhor conhecimento do Korfebol e também muito boas condições para os clubes.
MK:Seu curriculo é vitorioso, mas você era o técnico da seleção holandesa que perdeu para Bélgica no mundial de 1991. Essa foi sua maior frustração no Korfebol?
BC: Em 1991 não treinamos como gostaríamos com a equipe nacional, tanto como treinamos agora. Os Belgas fizeram o mesmo. Mas, era o tempo que a Bélgica tinha uma geração muito forte, uma menina muito talentosa um jogador de nível top. Mas normalmente nós costumávamos vencer. Eu acho que fiz algumas escolhas erradas. No entanto, infelizmente perdemos . No último minuto um dos meus melhores jogadores falhou e fez uma penalidade. Eu nunca vou esquecer essa ferida aberta em minha careira.
MK: Mesmo com a evolução de outras seleções, Holanda e Bélgica continuam hegemônicas no esporte. Você acredita que em um futuro próximo alguma seleção quebrará essa hegemonia?
BC: A KNKV(Associação Holandesa de Korfebol) tem um projeto chamado 'TOP6'. A KNKV acredita que o korfebol só poderá ser um esporte olímpico quando tivermos seis países que têm um nível maior de jogo e que possam vencer uns aos outros. A KNKV quer investir dinheiro enviando conhecimento, treinadores e jogadores melhores para esses países que têm o nível para 'TOP6'. A KNKV espera que no futuro próximo, por exemplo, Inglaterra China, Portugal desempenhem um papel importante nas competições internacionais. Atualmente, Chinese Taipei (Taiwan) têm um nível de jogo muito bom. Eles já competem com os Belgas. Mas há muito trabalho a nível internacional para korfebol elevar o nível de jogo.
MK: No Brasil costumamos classificar o nivel de um esporte no país. Qual é o nível doKorfebol na Holanda?
BC: Korfebol é um esporte nível 'A' na Holanda. Isso significa que são tratados pelo governo como um esporte Olímpico. O treinador e os jogadores da Seleção Nacional ganham subsídios do governo e por isso podem treinar durante um ano, 250 dias.
MK: Você esteve em vários Jogos Mundiais. Você poderia descrever como é a atmosfera desses jogos?
BC: Os Jogos Mundiais são especiais para mim. Jogos Mundiais é um evento de esportes reconhecidos pelo COI que não estão representados no programa olímpico. Eu fui 3 vezes o chefe da delegação holandesa. Nesse tempo eu conheci um monte de treinadores e jogadores de diferentes modalidades esportivas como fistball; esqui aquático, dança, netball, etc.Veja o site: http://www.theworldgames.org/ Você conhece os outros atletas dos outros esportes durante almoços e jantares. Não há nenhuma vila olímpica. A maioria dos esportes têm o seu hotel no bairro do local dos jogos. Assim, os participantes do Korfebol vivem e dormem no mesmo hotel onde se encontram todas as noites depois dos jogos. Jogos Mundiais tem sempre um monte de eventos paralelos e uma bela festa de despedida. O ambiente é maravilhoso para você encontrar atletas que disputam os diferentes esportes. Jogos Mundiais são a melhor opção ao lado dos Jogos Olímpicos. E vocês brasileiros,devem estar lá na Colômbia no que vem.
MK: O que você acha dos novos países que praticam Korfebol?
BC: Espero que eles acessem o You Tube para assistir aos melhores jogos de korfebol. As partidas da liga holandesa de Korfebol, por exemplo. O Korfebol precisa de jovens que brincam com a bola desde os 4 anos. É muito difícil ser um craque no korfball quando você começa a jogar com 16 anos ou mais. Os Talentos podem surgir e aprender a jogar Korfebol em um nível mais alto, mas só se assistir e jogar um monte de jogos.
MK: Você posta algumas coisas sobre o Korfebol brasileiro em seu blog. ( o blog dele é o http://www.korfballadvisor.blogspot.com) Acha que o Brasil tem potencial?
BC: Eu gosto do entusiasmo de vocês. Eu realmente acredito que o Brasil será uma grande potência no Korfebol.
MK: Deixe uma mensagem para os praticantes e para aqueles que querem praticar o Korfebol no Brasil.
BC: Tente conseguir o meu livro. Veja muitos vídeos de Korfebol no You Tube. Siga o Korfebol no site da IKF. Encontrem pessoas boas que podem ajudá-lo a evoluir no esporte. Tentem encontrar uma maneira de introduzir Korfebol na escola elementar (ensino fundamental). E Comecem a praticar cedo. Deêm a seus bebês uma bola de Korfebol no berço.
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1 comentários:
Fernanda Ferreira says:
6 de julho de 2012 13:22
Ótima entrevista!! Adoreeei.. muito empolgante saber que um mestre do Korfebol acredita no potencial do Brasil! Não iremos decepcioná-lo!
7/8/12
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